Mistério da mansão Uchihara [parte 5]

Capítulo 5:
Backup perdido

Hoje é o 5º dia. 5 dias isolado nesse local velho, com móveis salpicados de poeira e com cheiro de ameixa. Ontem eu dormi, logo após terminar de digitar meus relatos diários. E sonhei. Novamente sem entender totalmente o que sonhava. Primeiramente sonhei que enquanto tomava banho sofria uma descarga elétrica e caia duro no chão, e minha alma se desprendia do corpo, que ficava gelado no boxe do banheiro. Entretanto minha alma tentava achar uma maneira de fugir da casa, sentindo um medo absurdo e irracional. Não sabia o porque, mas precisava sair dali. O mais estranho é que eu (fora de meu corpo) podia atravessar as paredes da casa como todo bom fantasma, mas após sair da residência não podia me afastar muito. Era como se tivesse uma parede invisível envolvendo a mansão cuja não permitia a minha passagem. Depois de muito lutar, eu senti atração por um ponto relusente no porão, atrás da tábua de madeira que enpurrara anteriormente. Ele brilhava de cor alaranjada. Ao me aproximar, notei ser um pedaço de cobre. Ao tocá-lo, fui absorvido e transportado por ele. Já era de se esperar; se eu havia me transformado em eletricidade! Eu tenho certeza porque por onde passava luzes se acendiam e aparelhos eletrônicos se ligavam. No final do cabo eu fui lançado aos ares, com uma sensação de leveza e liberdade! Havia cumprido minha missão: havia saido da casa, para onde não poderia mais entrar a não ser pelo mesmo cabo por onde. E tem mais um detalhe: após sair, notei outras pessoas passando pelo cabo de cobre, e também muitas que estavam dentro querendo sair e muitas que estavam fora querendo entrar, mas estas não podiam fazê-lo, mesmo pelo cabo.

Então acordei. Tentava decifrar o enigma do cabo de cobre, mas não sabia como. Eles queriam me alertar para tomar cuidado com eletricidade? Não sei, mas sabia que sem dúvida eles queriam que eu olhasse embaixo da escada, lá no porão, atrás da tábua. Eu até tentei, mas a porta não abria. Tentei de várias formas, mas não consegui. Então pensei: por que me diriam para olhar no porão e não me permitiam passar? Não sei. Mas como eu havia ido verificar o porão as 4 da manhã por perder o sono com o sonho perturbador, voltei para a cama após dar com a cara na porta. Então depois de me revirar por alguns minutos na cama, eu decidi digitar. Porém enquanto o fazia o Hisako entrou no quarto. Novamente de modo simples, como uma criança comum, mas mesmo assim me deixou amedrontado durante alguns segundos. Depois de entrar, ele se sentou na cama, e me perguntou o que estava fazendo. Eu disse paciente que estava anotando tudo que sabia sobre a missão para tentar descobrir realmente o que havia acontecido. Ele perguntou-me:

- Isso relmente ajuda?

- Já foi útil... mas me responda: porque vocês não me dizem logo o que aconteceu? Porque tanto joguinho?

Mesmo perguntando diretamente o Hisako me ignorou e continuou perguntando.

- O que você vai fazer depois que resolver o mistério?

- Não sei... talves coloque na internet para outras pessoas lerem; mas por que você não me conta ou ostra o que aconteceu para eu acabar mais rápido?

Antes dele responder meu notebook explodiu. Na verdade não explodiu literalmente, ele deu um "pipoco", uma pequena explosão que fritou sua memória.

- O que foi isso? Não achedito! Eu perdi tudo! Tudo que digitei!!

- Você não fez uma cópia? Meu avô fazia cópias de segurança de tudo que fazia!

- Não! Eu não pensei que seria necessário!

Então eu ouvi a voz do sr. Daiki chamando o Hisako.

- Desculpe nee-chan, mas eu tenho que ir. Mas você ainda não tomou café! O que vai querer?

- Bom, eu não sei...

- Que tal um café americno? Panquecas, torradas, waffles com geléia...

- Ok, pode ser...

- E no almoço?

- Rámen. Com carne de porco e ovo.

- E naruto?!

- Com certeza. (Naruto não é apenas o ninja loiro; é um rolinho de peixe assado no vapor que acompanha o rámen)

- Ok.

Então ela siau pela porta e eu pedi para a mochila tentar recuperar meus arquivos do notbook, mas ela disse que que ele não havia nenhum problema. Eu disse que ele havia pifado enquanto eu conversava com o Hisako, mas ela confirmou que ele estava em ótimo estado. Então notei estar deitado. Mas a um segundo estava sentado com o notbook em mãos! E ele estava sobre a mesa, onde o deixei antes de começar a digitar. O quê? Eu estava sonhando? Dormi e não percebi? Esses fantasmas tem mais poderes sobre mim que pensei.

Depois desci para a cozinha. Achei uma linda mesa com tudo que Hisako disse que teria e aida mais. Após aquela revisão na qualidade, comi, mas mesmo estando estufado e tendo dormido até as 10 horas, continuava um pouco cansado.

Passei algumas horas perambulando pela velha casa e pensando em tudo o que havia visto e vivido. Não achei respostas. Nem uma. Agora a pouco eu li e reli algumas anotações, mas também não achei nada. Irei tomar um banho e logo mais voltarei. Á, mas com chinelos de borracha; é bom previnir.

Já voltei do banho. Na verdade, fazem certo tempo que sai do banheiro... Após esfriar um pouco a cabeça eu comecei a ver algumas crianças brincando na rua; como era boa a minha infância... poder correr, gritar, e não ter grandes responsabilidades... Pena que o Hisako não teve essa oportunidade... Mas enfim, eu observava as crianças e pude notar que brincavam de ninjas, provavelmente inspirados pelo seriado japonês do Naruto... Eles corriam, pulavam e faziam jutsu - ou melhor, tentavam fazer. Muitos dos selos estavam errados. Acho que não disse sobre isso: para se fazer um jutsu (ou tecnica ninja) é necessário fazer sinais com as mãos conhecidos como selos, que combinados corretamente formam a técnica. Não me lembro, mas se já disse isso me perdoe... Mas voltando, um dos garotos gritou a frase:

- Eu vou te matar!

Matar? Ele não sabe o que é a morte. Não faz ideia. Nem pode imaginar o que é se sentir um rato de laboratório prestes a ser sacrificado, trucidado. Não sabe o que é sentir medo da morte. Medo.

Após dizer isso ele fez os selos e gritou "jutsu de invocação!" Como disse, quase todos os selos estavam errados. Mas espere! Invocação! É isso!

A tecnica de invocação é uma tecnica ninja que invoca animais ninja para auxiliar na luta, como cães, lesmas, cobras e sapos! E os selos usados são javali, cachorro, galo, macaco e ovelha; lembra deles? Os animais do zodíaco! Era isso que eles queriam me falar! Lembra do Gamakichi? Ele é um animal de invocação!

Foi ai que eu juntei tudo: o sonho com o sapo engolindo o papel, os animais chineses, o Hisako falando sobre o backup na minha "visão"... Aliás, se você faltou na aula de informática, backup é uma cópia de segurança que fazemos de algo importante.

Então não tive dúvidas: Fui correndo ao quarto do Hisako e olhei em cada sapo, até achar um sapo de pelúcia idêntico ao Gamakichi, na mesmo posição em que eu o vi no sonho encima de mim. Eu o revirei, mas não achei nenhum backup, mas dentro de sua boca havia um papel amarelo e meio amassado, exatamente como o do sonho... Ao pegá-lo, eu tive um tipo de dejavú; uma lembrança de algo que não cheguei a ver. Mas sentia como se tivesse visto... Mas na minha visão (ou memória) eu via o sr. Daiki no escritório ao telefone e o Hisako olhando pela porta semi aberta, e depois que ele saiu o Hisako entrou e pegou o papel, leu, e depois subiu ao seu quarto e o escondeu na boca do sapo. Era uma versão alterada do meu sonho.

Era só isso que queria me dizer? Tanto joguinho para eu ficar sabendo que o Hisako pegou o papel no escritório e escondeu no sapo? Que idiotisse. O papel nem dizia nada esclarecedor! Ele é um recibo de empréstimo feito para o sr. Uchihara assinado por um tal de Derik alguma coisa no valor de... 600 mil dólares? Agora que eu notei quão alto é esse valor; Para que o sr. Daiki precisava de tanto dinheiro? Talves o bakup do pc dele me diga isso! Praciso achá-lo. O mais rápido possível. Mas antes vou comer algo... Estou com fome; e com um pouco de sono também.

Agora eu já comi. Rámen como disse para o Hisako. Estva muito bom. Não tanto quanto os japoneses, mas estava aceitável. Mas ainda me sinto... Fraco. Na verdade, muito fraco para que está comendo como cavalo e dormindo como gato... Tem fiapo nessa manga... Vou descobrir o que é.

Mas voltando à minha tarde, eu pesquisei um pouco sobre as portas da casa; achei uma chave-mestra, mas ela não abriu a porta do porão. A fechadura dela é mais recente que as outras; e pensando bem, acho que quando entrei la pela primeira vez a maçaneta estava meio solta, e agora está firme como rocha... Estranho. Muito estranho.

Agora eu vou dormir. Não fazem duas horas que escureceu, mas estou com muito sono. Amanhã eu entrarei naquele porão nem que precise derrubar a porta! Mas por enquanto vou descansar...