quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O segredo do Blaster [parte 6]

Eu estava tranquilo. Estava calmo e confiante. Pena que não fui cuidadoso... Espere! Vamos dar um passo de cada vez.
Depois que sai da casa do Pablo, voltei para a padaria. Ao chegar, o Felipe saiu rapidamente, quase não olhando para mim. Me disse apenas:
- Vou embora; preciso fazer uma ligação...
Achei meio estranho, mas igorei.
Minha mãe me perguntou o que fui fazer na casa do Pablo, e eu disse a verdade: os pais dele viajaram e ele me chamou lá para me avisar. Apenas acrecentei uma informação: disse que o Pablo havia me chamado para ir para a casa dele no dia seguinte, e ela disse que eu poderia ir, afinal, eu estava ficando muito tempo na padaria e deveria ir me divertir um pouco com os amigos. Eu não menti. Na verdade o Pablo realmente disse para eu ir para a casa dele. Eu apenas não disse o porquê. Não sei se estou certo, mas eu acho que dizer a informação imcompleta não é a mesma coisa que mentir. Eu disse a verdade. Incompleta, mas não era mentira.
Certo tempo depois, a patroa, amiga e sócia da minha mãe chegou fazendo fof comentando sobre os acontecimentos do bairro. Ela entrou e disse:
- Vocês estão sabendo o que aconteceu?
- Com quem? - perguntou minha mãe.
- Com aquele cara insuportável que tenta arrumar confusão sempre que vem aqui...
- O que foi?
- Depois que ele conseguiu pegar pão de graça aqui, tentou fazer a mesma coisa com o açougueiro.
- Qual?
- O Zé.
- O quê? Ele é doido? Quer morrer?
- E quase que morre mesmo. O açougueiro deu uma porrada que afundou o nariz dele. Depois ele levantou e foi pra cima.
- Putz... - comentei.
- E ai? - disse minha mãe, morrendo de curiosidade.
- O Zé pegou a pexeira.
- Não acredito! Morreu?
- Não. Mas quase perde a orelha. Ela ficou pendurada... E o Zé disse que caso ele tente "roubar" algo no bairro novamente, o sangue vai descer...
- Ainda bem!
- Gui! Não diga isso!!
- Mas agora estamos livres dele! Aposto que ele nunca mais volta aqui, ou pelo menos vai nos tratar  como reis.
- Você tem que confessar que aquele cara é um saco!
- É, mas não devemos nos alegrar pelo mal das pessoas...
Eu não estava desejando o mal... Apenas queria que ele nunca mais me achesse o saco... Mesmo que para isso tomasse uma surra.
Mais um tempo se passou.
Minha mãe me pediu para que pegasse um pacote de farinha de trigo em casa para não precisar ir ao mercado. Ao chegar, encontrei Felipe na Internet que ao me ver, começou a gritar:
- Eu não vou voltar para a padaria! Não quero saber o que aconteceu; eu não volto para lá.
- Você sabe o que vim fazer aqui? Cala a sua boca, senão vou pedia para a mãe para ficar o resto do dia de folga e ela vai te obrigar a ficar na padaria...
- Perdeu o medo ou o juízo? Esqueceu que tenho você e seu "brinquedinho" nas mãos?
- Eu não quero saber! Não vou mais aceitar suas chantagens calado. Se quiser pode contar para nossos pais do Blaster; você não poderá provar...
- Se eu fosse você...
- ... Mas não é! Faça o que quiser; eu não tenho medo.
- Ok, mas não diga que não avisei...
Peguei a farinha e votei para a padaria. Não queria saber o que o Felipe pretendia fazer. Agora que o Blaster estava escondido na casa do Pablo e seus pais não estavam, eu podia ficar tranquilo. Pelo menos por enquanto.
Não se passaram mais de 30 minutos e o Pablo me liga:
- Gui! O pior aconteceu!
- O que foi?
- Meus pais estão voltando!
- O quê? Como assim?
- Eles me ligaram desesperados dizendo que ligaram para eles avisando que eu estava em perigo e que eles deveriam voltar imediatamente!
- Quem fez isso?
- Não me disseram.
- Vem pra cá; quando você chegar nos falamos. Minha mãe está vindo. Vou desligar.
Ele veio correndo, escondeu o Blaster no terreno baldio e ao chegar, me explicou o que havia acontecido:
Alguém disse que o Pablo e toda a casa estava em perigo; não era nada concreto, mas que "ele" (a pessoa que ligou) havia visto pessoas suapeitas rondando a casa. Os pais do Pablo deram meia volta no carro e ligaram avisando que estavam voltando.
- Gui - disse Pablo -, precisamos esconder o Blaster.
- E eu já discuti com meu irmão dizendo que não ligo prara o que ele faz, então se deixar-mos o Blaster muito tempo no terreno baldio, o Felipe pode contar tudo para meus pais ou os seus, ou os de qualquer um que saiba sobre o Blaster!
- Calma! Temos que pensar em algo. Mas quem será que ligou para meus pais?
- Você ainda tem dúvidas? Só pode ter sido o Felipe!
- Felipe? Mas ele não sabia que meus pais viajaram e nem que o Blaster estava na minha casa!
- Mas quando eu voltei da sua casa ele disse: "Eu vou para casa; tenho que fazer uma ligação". Como ele descobriu eu não sei, mas eu tenho certeza que foi ele.
- O que fazemos?
- Não temos escolha; eu tenho que implorar perdão para ele e pedir para ele cuidar do Blaster até seus pais saírem; mas nosso plano já era...
- Depois pensamos em algo. Vamos para sua casa.
Pegamos o Blaster e fomos para minha casa. Lá, eu implorei perdão para o Felipe e me humilhei como um lixo. Ainda bem que somente ele e o Pablo presenciaram. Depois, pedimos que ele cuidasse do Blaster até o Pablo "se livrar" dos seus pais. Eu aproveitei e perguntei se foi ele mesmo que ligou para os pais do Pablo. Ele disse que sim; estava apensando em não contar, mas depois que discutimos, ele ligou para eles voltarem. Isso mostra a pequena parte boa dele. Se ele quisesse, tinha entregado o Blaster e todos os envolvidos no segredo alí mesmo, mas não nos entregou, apenas atrapalhou nosso plano contra ele. Pensando bem, se ele entregasse de cara, a chantagem acabaria. Por mais que eu tente achar algo bom nele, não consigo.
Felipe concordou em escondê-lo em casa até que fosse seguro levá-lo para a casa do Pablo.
Mesmo continuando sobre chantagem, estava mais tranquilo por saber que o Blaster estava seguro.
Mais algumas horas depois, minha mãe percebeu que mesmo usando a farinha de casa, ela precisaria ir ao supermercado. A sócia dele também não estava na padaria, então aproveitei para ligar para a Vi. Contei tudo o que havia acontecido naquele dia cheio e aproveitei para matar um pouco da saudade. Mesmo que isso seja impossível.
Minutos depois, o Pablo liga dizendo que seus pais haviam saído e que ele iria buscar o Blaster. Eu liguei para o Felipe avisando que o Blaster iria embora. Achei estranho ouvir risadas do Felipe ao telefone; geralmente ele só ri em companhia dos amigos, nunca em casa.
Mas continuando: Antes mesmo do Pablo chegar na padaria, Felipe me aparece com o Blaster para entregá-lo.
- Você está louco - perguntei.
- Por quê? Você disse que a mãe não está!
- É, mas alguém pode te ver!
- Não seja exagerado! Seu amigo já está chegando para pegá-lo!
Olhei e vi o Pablo correndo como louco.
- Guilhermeeeeee! - gritou ele, enquanto tentava parar de correr - você não vai acreditar!
- O que foi?
- É uma catástrofe! É horrível! É...
- O QUÊ?
- ...É a sua mãe!
- Você está chamando nossa mãe de horrivel? - perguntou Felipe em tom ameaçador
- Não é isso! É que ela está vindo e vai ver o Blaster aqui!
- O quê!?! Felipe, volte para ca...
- Não! Ela vai vê-lo sair da padaria!
- O que faremos?
Eu fiquei desesperado. Naquele momento, a única coisa que passava pela minha cabeça era que tudo o segredo seria desvendado e que todo o plano para esconder o Blaster em segurança ia pelo ralo.

O EH não é novela da Globo, mas adora fazer suspense! Então não perca o próximo e último capítulo do Segredo do Blaster! Saiba o que vai acontecer e quem/o que é o Blaster!
Façam suas apostas!
Tchau! Até a prixima e comente!!

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