sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O segredo do Blaster [parte 5]

O tempo continuou passando e eu continuei sendo chantageado. A cada dia, a cada minuto, o Felipe achava um jeito de me torturar. Na hora do intervalo, mandava-meeu ir comprar as coisas pra ele na cantina e enfrentar aquela fila infernal. Quero dizer, fila não, aglomerado. Lá na minha escola, o povo se aglomera envolta da cantina e as tias atendem que está na frente, quase sempre quem chega primeiro. Então, não adianta chegar antes, tem que ser esperto para conseguir comprar rápido.
Eu não gosto muito de furar fila e passar na frente dos outros, mas às vezes é preciso. Na época em que a gripe suína era novidade e o povo morria de medo, usava máscara e lavava as mãos com álcool, eu ia pra fila e começava a tossir e espirrar pra deixar o povo com medo. Mesmo disfarçando, todos se afastavam. E às vezes eu pulo na frente de alguém ou empurro para conseguir ser atendido mais rápido. E eu já provoquei brigas para passar na frente!
Uma garota com uma beleza muito abundante (se é que você me entende) estava na minha frente, e uns garotos ao lado dela... Pra você entender melhor, ela estava no meio; eu a esquerda e um pouco atrás e os garotos a direita dela. Eu ouvi um deles dizer que iriam comprar um croissant, mas na estufa só tinha um. Então fiz algo errado. Usei minha genialidade para o mal. Dei um beliscão na abundância dela, porém ao lado direito. Resultado: ela pensou que tinha sido um dos garotos e foi tirar satisfação. Ou melhor, foi sentar a porrada; nem esperou eles se explicarem e começou a dar tapa. Enquanto eles apanhavam e uma rodinha se formava, eu passei na frente e peguei o último croissant. Eu sei, foi feio e cruel! Nunca faça isso!! Eu não me arrependo e faria novamente se necessário, mas você nunca deve fazer! Foi malvado.
Mas vamos voltar. Meu irmão, aquele que deveria me proteger e me ensinar coisas da vida que ele aprendeu com ardor e transmitir experiência, estava me chantageando e me obrigando a fazer coisas más, como enfrentar a "muvuca" da cantina para comprar lanche para ele, furando fila, deixando os mais lerdos para trás e empurrando velhinhas para comprar! Tá, exagerei, não tem velhinhas na fila da cantina, mas ainda assim era uma tortura! Sem falar dos trabalhos que tive que fazer, da louça que tive que lavar, da cama que tive que arrumar várias vezes e das roupas sujas e fedorentas dele que tive que tive que levar para o cesto de roupas.
Toda aquela tortura tinha que acabar! Tá, em partes foi bom, afinal, eu aprendi muito sobre as cruzadas e que deveria aprende apenas na 2ª série do colegial, sem falar que ele tirou zero porque a professora dele notou que não era a letra dele no trabalho, e eu sem querer (e juro que não foi de propósito) quebrei um copo, e como ele que deveria lavar a louça, foi obrigado a falar pra nossa mãe que ele quem havia quebrado.
Mas mesmo com tantos pontos positivos, eu não poderia permitir que ele continuasse! A situação estava quase chegando ao ponto de ser pessoal! Então fui falar com meus amigos:
- Alguém conseguiu algum resultado sobre o que eu pedi?
- Eu achei algo, mas não é recomendável... - Disse Josy - É um abrigo...
- Não! Ele poderá ir para outras pessoas!
- Eu sei, por isso disse que não é uma boa.
- E não seria difícil ele ser adotado, afinal é tão fofo ^^ - completou Fernanda.
- Não vamos desistir!
- Isso ai Tiago!
- Vamos achar um jeito de proteger o Blaster e te livrar da chantagem.
- Com certeza! Mas espero que logo...
- E falando no Blaster, eu acho que não vou mais poder ajudar a cuidar dele, - disse a Rafaela - ou pelo menos por um tempo... Meu irmão me viu perto do terreno baldio e está de olho em mim quando eu saio de casa. Eu consegui o despistar, mas deverei tomar cuidado.
- Não tem problema - completou Jessica - eu dobro meu tempo com ele para compensar sua falta... Eu sempre fico trancada no quarto nas tardes. Minha mãe nem dará falta se eu ficar uma ou duas horas a mais na rua...
- E falando em você, Jessica, ouvi falar de um garoto...
- Quem? O Lucas? Não... Eu só comentei que achei bonitinho, mas nem "cheguei" nele... Afinal, ele não iria gostar de mim...
- Por que não?
- Meu estilo não combina com o dele...
- Nada a ver! Pode ser que ele goste de rock e você não sabe
- E não vai ficar sabendo a menos que vá falar com ele!
- Quem é esse Lucas de quem estão falando? - Perguntei.
- Aquele ali - apontou a Fernanda.
- A bom. Eu já fui da sala dele... Na verdade, só por alguns meses... Eu o acho legal, mas não sei nada dele que possa te ajudar a "chegar junto".
- Gente, eu não quero! Eu comentei que achei gatinho, charmoso, estiloso, sexy... Bem, eu só comentei! Não quero chegar nele...
- Mas vocês fariam um belo par...
- E esse negócio de estilo não tem nada a ver; inclusive, notei que você está com um visual bem diferente daquele que você chegou à escola...
- É, estou experimentando novas tendências menos góticas... Mas sem perder o rock n' roll.
- Ok, mas eu ainda acho que você deveria falar com ele...
Passaram mais alguns minutos até o sinal soar. Na sala, continuou tudo normalmente. Na verdade, o resto do dia foi extremamente normal.
Eu vou te poupar de detalhes muito chatos e pular para onde eu recebi uma notícia empolgadora. Eu estava na padaria quando o Pablo em ligou.
- Guilherme, vem pra minha casa agora - disse ele, ao celular - eu acho que achei uma solução para o Blaster...
- Jura? Finalmente! Eu vou falar com a minha mãe e já vou.
Eu desliguei e pedi à minha mãe para ir para a casa do Pablo. Ela pediu que eu ligasse para o Felipe e dissesse para ele ficar no meu lugar enquanto eu ia falar com o Pablo. Eu liguei e fiquei esperando ele voltar para a padaria. Ele não poderia negar, senão a mãe perceberia que ele estava me chantageando! Depois de ligar, fiquei esperando ele chegar.
Passaram-se alguns minutos e o Pablo me ligou novamente:
- Onde você está?
- Na padaria! Eu tenho que espearar o Felipe chegar aqui para ele ficar no meu lugar.
- Ok, mas quando ele chegar...
- ... Eu vou correndo. Já sei. Mas que bom que vamos conseguir resolver isso... Eu não aguentava mais...
Enquanto falava isso, estava atrás do balcão, de costas para a entrada da padaria, por isso não vi o Felipe chegar.
- Não aguentava mais o quê? - Perguntou Felipe, batendo no balcão.
- Te interessa?
- Interessa se for referente a mim.
- E quem disse que é referente a você? Estou falando sobre meu professor de história... Por que estou te dizendo isso? Eu não lhe devo satisfações. Pablo, eu já estou indo.
Desliguei o celular e sai. Mesmo não o vendo, podia sentir seu olhar de ódio me incendiando enquanto andava.
Ao chegar à casa do Pablo, Ele e a Fernanda estavam me esperando junto com o Blaster!
- O que ele (o Blaster) está fazendo aqui? Quer que sua mãe descubra??
- Calma Gui - disse Fernanda - a mãe dele não está.
- É verdade! Meus pais foram fazer uma viagem para visitar a minha avó que está doente e vão ficar fora mais de uma semana!
- E te deixaram sozinho?
- Parcialmente; enquanto eu estiver na escola, minha tia virá arrumar a casa e fazer o almoço, e quando eu chegar ela vai embora. Depois que ela for, eu trago o Blaster para passar a tarde e a noite aqui.
- E enquanto ela está aqui? Ele vai voltar para o terreno baldio?
- Não. Eu consegui mais uma pessoa para ajudar...
- Mas é perigoso! Quanto menos pessoas souberem, melhor!
- Calma! Pode confiar. - disse Fernanda - É meu primo. Ele mora sozinho numa casa de dois cômodos e sai para a faculdade às 13 horas. Quando estivermos indo para a escola, deixamos o Blaster escondido na casa dele e depois que a tia do Pablo se for, ligamos para meu primo trazê-lo.
- Até meus pais voltarem, já achamos uma solução para o Blaster.
- Se vocês acham que vai dar certo, eu confio em vocês.
Problema resolvido, eu voltei para a padaria, acompanhando a Fernanda até a sua casa. No caminho, eu perguntei:
- Quando os pais do Pablo saíram?
- Alguns minutos. Mas não se preocupe; não há como eles descobrirem nada...
- É; se preocupar é besteira.
Não sabia, mas deveria tomar mais cuidado ao andar na rua. Deveria olhar para os lados e para trás enquanto converso algo confidencial. Eu deveria ficar atento. Eu deveria tomar mais cuidado.

Um comentário:

  1. Nussa... alguem deve ter seguido o Guilherme :O
    Blaster blaster... o que será o blaster?
    '-'
    bjo amigo, ta tdo otimoo!!

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